domingo, 20 de setembro de 2009

Quatro olhares sobre a Cruz de Cristo




A imagem mais forte que alguém pode ver quando se depara com a mensagem do Evangelho é, sem dúvida, a imagem de Jesus Cristo crucificado. Não estou falando de obras de arte que, ao longo dos anos, tentaram retratar o sacrifício do Senhor Jesus por mera especulação e inspiração humanas. O que quero destacar é a necessidade de se expor a cena da crucificação de Cristo e o seu real significado com maior freqüência em nossas igrejas e junto às pessoas, uma vez que a cruz de Cristo tem sido esquecida por parte de muitos pregadores de nossos dias.
Não devemos, pois, esquecer que a cruz de Cristo deve estar no centro da pregação do Evangelho, afinal, Evangelho sem cruz não é o Evangelho da graça de Deus! Não se trata de exaltação da cruz em si, afinal ela é um símbolo de morte. Por outro lado, por causa de Jesus, a cruz ganhou um novo significado, pois foi sobre uma cruz que o nosso Senhor realizou uma grandiosa obra. Para nós cristãos, a cruz traz em si uma mensagem ímpar da vitória do Senhor Jesus sobre a morte e a Sua grande obra redentora.

Ao levar o homem a repousar seu olhar sobre a cruz de Cristo, fazendo-o imaginar a cena e a expressão do nosso Senhor sofrendo e morrendo naquele madeiro, certamente, em seu coração surgirão reflexões profundas que o levarão a ter consciência do que realmente é, em que estado está e quão profunda é a obra transformadora que Deus pode realizar ou já realizou em sua vida. Ao olhar para a cruz, o pecador se humilha e se rende à grandeza do Deus Conquistador. Olhando para a cruz, cada crente pode entender muito sobre a sua posição diante de Deus e quão grande obra foi realizada por Jesus sobre aquele lenho tão cruento.

É comum em nossos dias observarmos testemunhos cristãos confusos. Ao invés de olharem para a verdade cruel que a cruz revela acerca de nossa condição pecaminosa – além de uma expressão constrangedora de amor; muitos adeptos de igrejas pseudo-evangélicas concentram sua atenção para a mudança de classe social que Jesus teoricamente lhes pôde proporcionar. Não há um sentimento de profunda gratidão diante do fato que naturalmente merecíamos a condenação, de que éramos desprezíveis e indesejáveis, porém aprouve a Deus providenciar salvação, nos tirando das trevas para a luz.

Em alguns "segmentos evangélicos" não se fala mais em pecado, em cruz, em obediência, em sofrimento e em provações. Jesus virou apenas um parceiro, um verdadeiro sócio! Os crentes são ensinados a se tornarem parceiros de Jesus para conseguirem alcançar objetivos pessoais, sobretudo financeiros. "Associe-se a Jesus e viva mais feliz" - esta é a verdadeira máxima incutida no discurso evangelístico do nosso tempo. O resultado disso é uma espiritualidade doente, um relacionamento de barganha com o Criador e uma verdadeira desvalorização da obra redentora realizada pelo Senhor Jesus na cruz do Calvário. Não mais se enxerga o Calvário de vergonha e dor; não mais se vê tão grande revelação de amor e o que ela significa.
Pois bem, convido-os, ao contrário, a recordarmos a cruz e reafirmarmos nossa fé em tão grande revelação de amor. Se olharmos para a cruz sob a óptica da PROPICIAÇÃO, deparamo-nos com o fato de que, através da cruz de Cristo, Deus tornou favorável a Sua relação com o homem. Propiciar significa apaziguar ou pacificar a ira de alguém; é tornar favorável. Na narrativa bíblica, o propiciatório era a lâmina de ouro que cobria o tabernáculo dos hebreus, onde se ofereciam sacrifícios para propiciação, isto é, para promover a pacificação de Deus com o homem pecador (Levítico 16:14-15 e Romanos 3:24-25).
O Senhor Jesus, segunda pessoa da Trindade, foi designado por Deus para ser verdadeiro remédio para curar a culpa universal humana. A ira de Deus é causada pela Sua intolerância ao pecado, sob quaisquer formas ou manifestações, porém Deus, expressando sua misericórdia e graça, tomou a iniciativa para se reconciliar com o pecador consubstanciada, por sua vez, na obra realizada na cruz pelo Senhor Jesus Cristo. Jesus é a nossa propiciação! Na cruz nossa reconciliação com Deus se tornou possível.

Se olharmos para a cruz de Cristo sob a óptica da REDENÇÃO, temos que “redenção” significa libertação ou livramento. É apresentada no Novo Testamento como libertação da pena do pecado mediante o pagamento de um resgate. Jesus, através de Sua morte na cruz, pagou o preço de nosso resgate e nos libertou da culpa e do castigo oriundos do pecado. Redimir significa obter livramento ou soltura mediante o pagamento de um preço; é o mesmo que comprar de volta, resgatar.

Alguém pode perguntar: Qual é a situação da qual o homem precisa ser resgatado? Digo em verdade que tal questionamento é sobremodo oportuno. Ora, o cativeiro do qual fomos libertos consiste em nossas transgressões e pecados. Fomos libertos do pecado, mas nos tornamos servos do Senhor, porque ele nos comprou pagando um alto preço.

Gosto muito quando o Rev. Juan Carlos Ortiz (autor do livro ‘O Discípulo’ – Ed. Betânia, 1980), discorre sobre o fato de que quando fomos comprados pelo sacrifício de Cristo Jesus, deixamos de ser escravos do pecado e nos tornamos escravos do Senhor. Somos livres sim, do pecado, porém servos da justiça (Rom. 6:18). Daí encontrarmos tantas vezes no Novo Testamento expressões do tipo “Paulo, servo de Jesus Cristo”, “Tiago, servo de Jesus Cristo”. Anote-se que, no contexto em que viviam os primeiros discípulos do Senhor, a palavra “servo” significava escravo, alguém que não tem vontade própria ou autonomia pessoal, mas que serve de fato a um senhor. Conforme afirma o Apóstolo Pedro (1 Pedro 1:18-19), Cristo nos resgatou, pagando o preço de seu precioso sangue, como de cordeiro sem mácula pela nossa liberdade.

O terceiro olhar com o qual devemos nos debruçar sobre a cruz de Cristo é o olhar da JUSTIFICAÇÃO. Sob esta óptica, deparamo-nos com uma marcante ação divina por meio da qual o Senhor Deus nos faz entrar em um relacionamento correto com Ele. É uma declaração de inocência ou de justiça, libertação da culpa ou da reprovação, algo garantido pelo Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário.

Em síntese, Deus – como Juiz – além de declarar o pecador inocente pelos méritos de Cristo, concede-lhe uma posição justa perante Ele. Conforme afirma o Apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos acerca do sacrifício salvífico de Jesus, “assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida”. (Romanos 5:18). Destaque-se que uma das faces dessa justificação se dá através da fé no fato de que Cristo é nosso advogado junto ao Pai (1 João 2:1-2). Perceba quão grande bênção decorrente da Salvação: em Jesus somos declarados justos perante Deus!

O quarto olhar segundo o qual devemos nos voltar para a cruz de Cristo se dá sob a óptica da RECONCILIAÇÃO. Reconciliar significa restaurar um relacionamento, renovar uma amizade quebrada ou rompida. Em Romanos 5:9-11, o Apóstolo Paulo trata do fato de que nós, na condição de inimigos de Deus devido ao pecado, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de Seu Filho.

Deus, como Pai, traz os filhos à comunhão, isto é, à reconciliação. Lendo o texto constante na Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios 5:18-21, aprendemos que Deus é o autor da reconciliação; que Cristo é o agente da reconciliação; e que nós somos embaixadores da reconciliação. Na cruz de Cristo, o relacionamento entre Deus e o homem, outrora quebrado pelo pecado, é restaurado através da bênção da reconciliação. Em Jesus nos reconciliamos com Deus!

Olhar profundamente para a cruz de Cristo nos leva a refletirmos sobre a grandiosa obra salvadora que Jesus Cristo realizou por nós pecadores. Quando percebemos a profundidade e o real significado do sacrifício do Senhor na cruz, deparamo-nos com um amor incondicional e constrangedor, afinal nós o amamos porque Ele nos amou primeiro.

O reconhecimento de Jesus Cristo como Salvador e Senhor, que se revela pela entrega total e uma vida de gratidão e obediência a Deus, são marcas da verdadeira conversão, resultando em um verdadeiro testemunho de vida com Deus. Não há testemunho cristão mais belo e verdadeiro que este: Eu estava perdido, mas Jesus me resgatou das trevas e me salvou. Tudo isso foi garantido pelo seu sangue derramado na cruz e, por isso, até que os meus dias se findem, irei sempre proclamar a mensagem da cruz de Cristo!
Que Deus nos abençoe.

André G. Bronzeado

Imagem:
http://pregacoesfn.files.wordpress.com/2009/03/cruz-de-cristo.jpg

domingo, 21 de junho de 2009

Jesus, purifica este arraial!


Atendendo a pedidos daqueles que contribuem e compartilham com o meu Blog, escrevendo desta vez a quatro mãos, contando com a graciosa ajuda de minha querida Naíla, aceitamos o desafio de respondermos à pergunta que não quer calar nessa época do ano: Nós protestantes devemos promover ou participar de festas juninas?

Queremos, pois, tratar o tema de forma franca e fundamentada na Palavra de Deus e na tradição genuinamente protestante, abordando especificamente o fenômeno das adaptações de festejos pagãos que a igreja evangélica brasileira tem realizado nos últimos anos. Sabemos que o grande papel da Igreja Cristã é influenciar a humanidade através da luz do Evangelho, ganhando espaço e terreno no mundo, expandindo o Reino de Deus. Ocorre que, atualmente, é o mundo que está efetivamente ganhando espaço na igreja, ou seja, nossas igrejas são cada vez mais influenciadas pelos modismos deste século.

Pois bem, depois do surgimento do “carnaval gospel”, do “Halloween gospel” e das “boates gospel”, agora, deparamo-nos com mais uma perigosa adaptação de festas genuinamente pagãs no intuito de agradar ao “público gospel”, grupo este emergente nas igrejas brasileiras e que se caracteriza por excessos de adaptações com vistas a atrair o maior número de pessoas. Estamos falando dos já famosos “Sem João, com Cristo”, “Culto Junino” ou “Arraiá Gospel”. Diga-se de passagem, nem as igrejas tradicionais estão escapando desses eventos. Isto mesmo! Falamos acerca do exagerado uso da palavra “gospel” como adjetivo santificador de toda sorte de eventos impuros que conhecemos. É como se esta palavra mágica tivesse o condão de tornar santos determinados eventos e práticas tipicamente mundanos e abomináveis aos olhos do Senhor.

É impressionante como a cultura protestante de examinar as Escrituras para averiguar a licitude de determinadas ações humanas tem restado esquecida no meio evangélico brasileiro de hoje. As pessoas não mais questionam as coisas; não as examinam. Como acéfalas engolem tudo o que vêem sem se perguntar se convém a um cristão fazer ou participar de determinada coisa. À medida que as novidades surgem, o zelo de observar o certo e o errado desaparece inversamente.É bom, é novidade, todo mundo vai, então está valendo!

A preocupação das igrejas tem sido a de saber se dá certo, se será um sucesso, se vai dar muita gente... Pastores e líderes fazem vista grossa em relação ao real significado dos elementos que formam determinados festejos. As pessoas não mais se contentam com a presença de Deus no culto. Culto é coisa sem graça, bom mesmo é uma programação diferente. Os cultos de oração das nossas igrejas estão cada vez mais vazios, afinal temos muitos compromissos, mas é só surgir um "arraial" que esquecemos de todos eles. É casa cheia!


Em seu livro intitulado “O Discípulo”, o Rev. Juan Carlos Ortiz afirma sabiamente acerca do culto que: “Nossas reuniões são centralizadas no homem. O arranjo mobiliário, as cadeiras, o púlpito – tudo aponta para o homem. Quando o pastor prepara o programa do culto, ele não pensa em Deus, mas apenas em seus ouvintes. (...) Onde é que está Jesus, o Senhor?” (p. 14). Ora, no culto cristão, tudo tem que estar centrado em Deus. Se fizermos algo que não tenha repercussão primeiramente para Deus, tal reunião não é um culto; é apenas um animado encontro social.

Pois bem. Por que nós protestantes não devemos realizar rituais semelhantes às festividades juninas então? Ora, sabemos que depois no carnaval, o evento mais esperado do calendário brasileiro (em especial do nordeste) são as festas juninas, que animam todo o mês de junho com muita música caipira, quadrilhas, comidas e bebidas típicas em homenagem a três santos católicos, a saber, Santo Antônio, São João e São Pedro. É importante observarmos que as festividades juninas não são apenas uma tradição popular. Aliás, não existiriam estas festas não fosse por conta da religião. O seu cunho religioso é inquestionável.

Os maiores centros brasileiros dos festejos juninos são a cidade de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE). O espaço onde as pessoas se reúnem é chamado de “arraial” e é enfeitado com bandeirolas de papel colorido, balões e palhas de coqueiro. Nesses locais, acontecem as apresentações de quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e casamentos caipiras.

A igreja católica sempre usou as crianças para a introdução desses festejos, explicando a origem da festa da seguinte forma: “Nossa Senhora e Santa Isabel eram muito amigas. Por esse motivo, costumavam visitar-se com freqüência, afinal de contas amigos de verdade costumam conversar bastante. Um dia, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora para contar uma novidade: estava esperando um bebê ao qual daria o nome de João Batista. Ela estava muito feliz por isso! Mas naquele tempo, sem muitas opções de comunicação, Nossa Senhora queria saber de que forma seria informada sobre o nascimento do pequeno João Batista. Assim, Santa Isabel combinou que acenderia uma fogueira bem grande que pudesse ser vista à distância. Combinou com Nossa Senhora que mandaria erguer um grande mastro com uma boneca sobre ele. O tempo passou e, do jeitinho que combinaram, Santa Isabel fez. Lá de longe Nossa Senhora avistou o sinal de fumaça, logo depois viu a fogueira. Ela sorriu e compreendeu a mensagem. Foi visitar a amiga e a encontrou com um belo bebê nos braços, era dia 24 de junho. Começou, então, a ser festejado São João com mastro, fogueira e outras coisas bonitas, como foguetes, danças e muito mais!”

Depois de tão ridícula explicação, é necessário repormos a verdade e mostrarmos que os festejos juninos nada mais são do que uma adaptação de uma festa pagã da antiguidade realizada pelo catolicismo romano, trazendo-a para o cenário cristão. Os festejos juninos são, na verdade, um plágio do paganismo, assim como ocorreu com a instituição do culto à Virgem Maria, dentre outras heresias que foram introduzidas no cristianismo a partir do IV século d. C. pelo catolicismo romano. Tal verdade salta aos olhos de qualquer mente lúcida, de qualquer um que estude a História da Igreja Cristã imparcialmente!

Ocorre que, na Europa antiga, já aconteciam festas populares durante o solstício de verão (ápice da estação), as quais marcavam o início da colheita. Além disso, nesse período do ano, diversos povos como celtas, bascos, egípcios e sumérios, já faziam rituais de invocação da fertilidade para estimular o crescimento da vegetação, prover a fartura nas colheitas e trazer chuvas. Nessas festas, ofereciam-se comidas, bebidas e animais aos vários deuses nos quais o povo acreditava. As pessoas dançavam e faziam fogueiras para espantar os maus espíritos.

As origens dessas comemorações também remontam à Antigüidade, quando se prestava culto à deusa Juno da mitologia romana. Os festejos em homenagem a essa deusa eram denominados “junonias”. Acredita-se que a expressão “festas juninas” tenha relação com essa deusa romana.

As celebrações à deusa Juno coincidiam com as festas em que a Igreja Católica comemorava a data do nascimento de São João, o profeta que preparou o mundo para Cristo e também anunciou a sua vinda. O catolicismo não conseguiu impedir a realização dessas celebrações. Sendo assim, as comemorações não foram extintas e, sim, adaptadas para o calendário cristão. Como o catolicismo ganhava cada vez mais adeptos nesses festejos, acabou por adaptar a festa pagã para o cristianismo, homenageando também São João. Este fato se assemelha, como dito, com a instituição do Culto à Virgem Maria em 431 d. C., também uma estratégia do catolicismo de conquistar pessoas que cultuavam as deusas Isis, Demétria e Cibele. No início, as festas juninas eram chamadas de “Joaninas” e os primeiros países a comemorá-las foram França, Itália, Espanha e Portugal.

Os jesuítas portugueses trouxeram os festejos joaninos para o Brasil. As festas de Santo Antonio e de São Pedro só começaram a ser comemoradas mais tarde, mas como também aconteciam em junho, passaram a integrar as festas juninas. Atualmente, tais festejos acontecem mais fortemente nas regiões Norte e Nordeste, onde o misticismo e as superstições do catolicismo são mais vivos na cultura popular.



O uso das fogueiras nessas festividades remonta ao fato de que os pagãos acreditavam que elas espantavam os maus espíritos. Já os católicos romanos acreditavam que era um sinal de bom presságio. Como dito acima, conta uma lenda católica que Isabel, prima de Maria, na noite do nascimento de João Batista, acendeu uma fogueira para avisar a novidade à prima Maria, mãe de Jesus. Por isso a tradição romana é acendê-las na hora da Ave Maria (às 18h).

Já os fogos de artifício e bombas são utilizados na celebração para “despertar” São João e chamá-lo para as comemorações de seu aniversário. Antigamente, em Portugal, acreditava-se que o estrondo de bombas e rojões tinha como finalidade espantar o diabo e seus demônios na noite de São João.


Como se vê, os festejos juninos têm uma origem essencialmente pagã adaptada para o cenário cristão pela igreja romana como mais uma de suas heresias. Todos os símbolos desses festejos foram herdados do paganismo. Anote-se que em toda a tradição protestante herdada da Reforma do século XVI, não existe nenhum sinal de que tal festa pagã tenha sido acolhida pelas igrejas reformadas. Definitivamente, essas comemorações não fazem parte da tradição protestante.

O que podemos dizer, então, de certas igrejas evangélicas que promovem festas juninas em suas dependências sob a justificativa de que estão desenvolvendo uma estratégia evangelística? É lamentável ver pastores tão inteligentes preparando estudos minuciosos na tentativa de justificarem cada bandeirola, cada balãozinho, cada fogueirinha... Meu Deus! É lamentável ver que a igreja evangélica brasileira tem deixado de lado seus valores históricos para dar lugar a estratégias imundas de “evangelismo” barato imitando carnaval, festivais de safadeza e, agora, imitando as festas juninas.


Para quê se voltar às coisas vãs se nós temos o tempo todo em nossas mãos a mensagem do Evangelho pura e simples? Enxerguem o perigo de tais adaptações e sincretismos religiosos! A mensagem do Evangelho não tem que ser maquiada; não temos que tentar fazer dela algom mais agradável. Quem disse que Jesus nos mandou fazermos tal coisa? Jesus nunca esteve preocupado em agradar multidões. Multidão só quer saber de milagres, de pães, de coisas materiais, de espetáculos... Quando a multidão é de fato confrontada com a real mensagem do Evangelho, logo começa a se dispersar afirmando ser dura a Palavra! O grande alvo da evangelização não está em encher templos de multidões como fazem nossas igrejas atualmente, mas sim em fazer discípulos verdadeiros, estes sim, comprometidos com Deus e com Sua Palavra, dispostos a assumirem um estilo de vida totalmente diferente do mundo ao seu redor.

A esta altura, alguma mente brilhante pode questionar: “E o Natal? Não foi também uma adaptação de uma festa pagã?” Respondemos sem dúvidas: De modo nenhum! A comemoração do nascimento de Jesus é uma festa baseada nas Escrituras e em toda a tradição da Cristandade. A única razão que poderia ensejar tal questionamento é o fato de que povos pagãos cultuavam o Sol Invicto no dia 25 de dezembro. Porém, dizemos nós, que as comemorações natalinas em nada se assemelham ao extinto culto ao Sol Invicto, antes pelo contrário, seus elementos são relacionados a fatos descritos na Bíblia e na tradição de países protestantes como Inglaterra e Estados Unidos da América.

De modo diferente, as festividades juninas mantiveram todos os símbolos pagãos quando foram adaptadas pelo catolicismo. Os símbolos apenas passaram a ter um significado diferente, mas são os mesmos do paganismo. Agora, os evangélicos também trouxeram esta festa pagã para seus templos, mantendo também os símbolos herdados do paganismo e ainda se aventurando a lhes atribuir novo significado, adentrando na questão cultural. Não bastasse tudo isso, ainda desrespeitam grandes homens de Deus ao passo que ao fazerem suas adaptações acabam desprezando os personagens originais, como acontece no caso dos famosos "Sem João, com Cristo", onde João Batista é jogado fora. Não é esse tratamento que merece a memória desse grande homem de Deus. Um crente de verdade deveria refletir até ao pensar em escrever esta ridícula frase. Por outro lado, o catolicismo desrespeita João por tentar lhe homenagear com um ridículo plágio pagão.  É  isto que combatemos!

Acreditamos que a atitude mental do crente deve ser determinada e remodelada pelo conhecimento do Evangelho e não pelas modas passageiras desse mundo. Afinal, você procura discernir se o seu comportamento está de acordo com a Palavra de Deus diante das novidades deste mundo?

Tentamos imaginar como Jesus se comportaria ao ser convidado para um “culto junino” ou um “São João Gospel”, com tudo voltado para agradar o homem, para atrair uma multidão. Acreditamos que Jesus, do mesmo modo como purificou o templo na narrativa bíblica (Mateus 21:12-13), certamente arrancaria as inúmeras bandeirolas coloridas, removeria fogueirinhas e balões, derribaria palhas de coqueiros e reprovaria a desvalorização e humilhação do pobre homem do campo (Provérbios 17:5), além do desrespeito àquele que lhe preparou o caminho como um verdadeiro profeta de Deus.

Ah, Jesus! Bem sabemos que Tu és a única esperança para a cura espiritual da humanidade. O mundanismo tenta ofuscar a tua luz o tempo todo, corrompendo o santo e verdadeiro culto cristão... Nesse São João, preferimos ficar apenas na tua companhia que nos é mais que suficiente. Queremos estar bem longe desses arraiais.

André e Naíla

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Carnaval sem máscaras


O Brasil é conhecido em todo o mundo por causa do futebol, das praias tropicais e, sobretudo, por causa do seu carnaval. O carnaval é a festa mais popular do nosso país e especialmente algumas localidades atraem multidões de pessoas ávidas por desfrutar da “alegria” que a festa pode lhes proporcionar.

Grandes blocos de rua convidam a multidão de foliões para algumas cidades do nordeste, tais como o “Galo da Madrugada” no Recife-PE e as “Muriçocas do Miramar” em João Pessoa-PB. Na cidade de Salvador-BA, o verdadeiro centro do carnaval brasileiro, esta festa também é feita nas ruas através das inúmeras bandas de axé e seus trios elétricos.

No sudeste, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, o grande lance se dá através das escolas de samba que se apresentam em sambódromos perante multidões de espectadores. Em todas essas formas de se fazer o carnaval há uma característica essencial e intrínseca à festa, a saber, o apelo pela libertinagem carnal que se mostra em avenidas e blocos com diversas faces diferentes, objetivando a satisfação de paixões e desejos puramente carnais. A nudez e o sexo imperam. Nos dias de carnaval a regra é a do “vale tudo”; o importante é se alegrar e curtir.

Mas como surgiu então o carnaval? Na verdade, o catolicismo romano teve uma contribuição decisiva na criação do carnaval. Aconteceu que no século VII d. C., o papa Gregório I determinou que todos os fiéis se dedicassem por quarenta dias a assuntos espirituais, ou seja, o povo deveria mergulhar em orações e jejuns visando maior consagração a Deus sob inspiração nos quarenta dias que o Senhor Jesus esteve no deserto a se consagrar (Mateus 4:2).

Esses quarenta dias logo passaram a ser chamados de “Quaresma” e ainda são observados pelos católicos atualmente, desde a quarta-feira de Cinzas até o domingo de Páscoa. Durante a quaresma, além da proposta de se consagrar a Deus, os fiéis foram orientados a não comerem carne. Desta feita, alguns grupos de pessoas lançaram a seguinte proposta: já que vamos passar quarenta dias em estado de abstinência, por que não permitir que o povo faça algumas extravagâncias antes?

A igreja romana concordou e oficializou a prática permitindo, portanto, que as pessoas passassem uns dias de “vale tudo” antes da Quaresma. A festa que surgira passou a se chamar de "adeus à carne", que em italiano é carne vale ou carnevale, resultando na palavra carnaval. Como se vê, se a igreja católica não tivesse inventado a Quaresma, talvez o carnaval não existisse hoje! Além disso, cumpre-me ressaltar que apenas em países católicos o carnaval é comemorado.

O que vemos nos nossos dias é que o carnaval usa uma máscara de alegria e a fantasia da satisfação pessoal momentânea e do prazer para esconder seu verdadeiro rosto. Quando retiramos as máscaras dessa festa, deparamo-nos com a estampa da realidade que há por trás do carnaval, a saber, o pecado em suas mais diversas faces. Sem as máscaras, temos o contato com o carnaval de “cara limpa” e então vemos a prostituição, a devassidão, as drogas, as brigas, as relações sexuais ilícitas, enfim, conhecemos toda a sorte de imundícia que há por trás da aparente alegria carnavalesca que não agrada a Deus e que não é capaz de proporcionar verdadeiro contentamento ao homem.

O carnaval é o festival da carne e sua alegria, além de passageira, é uma grande ilusão. Promiscuidade não pode produzir alegria verdadeira e quem vive na carne, isto é, no pecado, não pode agradar a Deus. A Bíblia Sagrada demonstra claramente que as obras da carne não agradam a Deus e ainda adverte que os que as praticam não herdarão o reino de Deus, senão vejamos:


“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais declaro, como já, outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gálatas 5:19-21).

Ao lermos esse texto, é possível visualizarmos cada uma dessas obras sendo festejada no carnaval. É só percebermos as notícias dos jornais na quarta-feira de Cinzas para conhecermos os resultados dessa festa. O comandante da folia, a saber, Satanás, contabiliza alegremente o aumento da prostituição, a impureza que manchou o que estava limpo, o apelo lascivo da sensualidade através de mulheres despidas, a idolatria através da aclamação de blocos e de artistas, a presença forte de feitiçarias na consagração da festa a orixás e entidades do baixo espiritismo, e assim por diante... Anote-se ainda, o alto consumo de bebidas alcoólicas que põe a vida de várias pessoas em risco.

Não é demais repetir que a alegria do carnaval é uma ilusão. O carnaval precisa de máscaras para mostrar sua alegria, precisa de fantasias para mostrar seu colorido, precisa embriagar pessoas para que elas façam o que Satanás deseja, precisa do apelo sensual para tirar a pureza sexual de milhares de pessoas e precisa do incentivo ao “vale tudo” para propagar inúmeras enfermidades sexualmente transmissíveis (DST´s), muitas delas incuráveis.

E sem demora surge a “Quarta-feira de Cinzas”, o dia do "adeus à carne" ou "carne vale". Nesse dia as máscaras do carnaval caem, as fantasias não mais existem e o colorido do carnaval cede lugar ao clima cinzento e negro da velha vida sem Deus e do vazio que continua a existir no coração. 'Carnaval, para onde foi tua alegria e teu colorido? Ontem promovias a nudez nas pessoas, hoje tu estás nu e assim podemos enxergar que és mais uma estratégia que Satanás usa para destruir o homem.'

Lembro-me do Éden, lembro-me daquele fruto que aos olhos de Eva era BOM para se comer, AGRADÁVEL aos olhos e DESEJÁVEL para lhe dar entendimento. O pecado tem essas faces de satisfação. Por outro lado, lembro-me das palavras do Apóstolo Paulo escrevendo aos romanos: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a BOA, AGRADÁVEL e PERFEITA vontade de Deus”.

A verdadeira alegria só têm aqueles que verdadeiramente conhecem a Jesus, aqueles que crucificaram a carne juntamente com suas paixões, desejos e concupiscências e passaram a viver e a andar no Espírito, fazendo a vontade de Deus que é perfeita. O fruto do Espírito, isto é, o resultado de uma vida em plena comunhão com Deus é “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Galatas 5:22,23). Não se deixe iludir pela alegria passageira proporcionada pelo carnaval. Só Deus pode preencher o vazio existente no coração do homem e lhe dar a alegria que jamais acaba.

Com carinho,

André G. Bronzeado
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Imagem: jcandrioli.wordpress.com

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Tudo posso (suportar) naquele que me fortalece

Foto: O Super crente

“Tudo posso naquele que me fortalece”. Este versículo bíblico contém uma mensagem profunda de gratidão a Deus registrada nas Escrituras Sagradas pelo Apóstolo Paulo, no fechamento de sua epístola aos filipenses. Ocorre, porém, que esse mesmo texto bíblico tem se tornado uma infundada frase de efeito na boca de pregadores em toda parte. É, portanto, de salutar importância analisarmos o que de fato Paulo expressou essencialmente ao proferir tais palavras.

Preliminarmente, urge esclarecer que um dos princípios básicos utilizados para se interpretar textos bíblicos diz respeito à observação do contexto no qual o referido texto está inserido. Alguém já disse que um texto utilizado fora do contexto se transforma em pretexto para sustentar heresias e interpretações distantes. Não é diferente quando se trata do texto de Filipenses 4:13, supramencionado.

Referido versículo tem sido utilizado para expressar uma ideia errada de que o crente pode conseguir tudo o que quiser através de Jesus Cristo. Usa-se esse texto freqüentemente para determinar o acontecimento de algo que o crente deseja demasiadamente. Alguns pregadores asseveram: “você vai conseguir... você pode tudo... creia... porque a Palavra diz ‘tudo posso naquele que me fortalece’”.
Absurdo! Sabemos que há muitos textos bíblicos de difícil interpretação e que devemos depender do Espírito Santo para obtermos iluminação para melhor compreendermos a mensagem da Palavra de Deus. Por outro lado, interpretar um texto tão profundo de forma isolada e errada configura um desrespeito à Bíblia Sagrada e ao próprio Deus. Afinal, o que Paulo quis dizer com essa frase? Em que contexto ela se encontra? Quando buscamos as respostas para estas perguntas, encontramos a lição preciosa que o apóstolo Paulo quis imprimir no coração de seus leitores.


O versículo em análise fecha uma sentença que se inicia no versículo 10 do capítulo 4 da Epístola aos filipenses, senão vejamos: 

“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade. Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”.

Como se vê, Paulo volta ao tema do primeiro capítulo da epístola, a saber, a cooperação dos filipenses no evangelho, sobretudo, o seu apoio financeiro. O texto acima demonstra claramente que Paulo, assim como Jesus, experimentou sofrimentos e situações difíceis que geraram experiência e crescimento espiritual. Mesmo diante de intempéries, Paulo se mantinha contente enfrentando todas as circunstâncias, confiando em Jesus Cristo e seguindo seu exemplo. Esta é a lição desse texto! Não importa que tipo de privações, problemas, circunstâncias, ou intempéries que o crente tenha que passar na sua caminhada com Deus, pois tudo podemos suportar, com contentamento, naquele que nos fortalece – Jesus Cristo.
O sofrimento na caminhada cristã é pedagógico. É em meio a dificuldades que crescemos espiritualmente. O exemplo de Jesus Cristo e do próprio apóstolo Paulo, alem dos inúmeros homens de Deus mencionados nas Sagradas Escrituras, atestam que situações difíceis constituem importante oportunidade promovida por Deus para o aprendizado de lições espirituais profundas como esta que Paulo nos escreveu.


Aprender com o sofrimento, porém, não é um tema atrativo para os púlpitos, sobretudo em igrejas neo-pentecostais e pseudo-evangélicas. O que está na moda são os cultos voltados para alimentar o ego dos “crentes”. O centro do culto cristão em determinadas igrejas já não está em Deus, mas sim no homem e na sua satisfação pessoal. É o culto ao EU. Deus é apenas o meio para se conseguir com determinação o que os fiéis desejam. Esse deplorável comportamento tem invadido, inclusive, os púlpitos de Igrejas protestantes tradicionais. É cada vez mais comum que as igrejas reformadas se tornem "igrejas deformadas". Assistimos o abandono da arte e do ofício da verdadeira exposição bíblica. A Bíblia é ridicularizada ao ser utilizada como base para pregações que distorcem o texto sagrado, que dizem o que a Bíblia não diz.

Causa indignação observarmos as “correntes da prosperidade”, reuniões de “orações fortes”, a pregação do “pare de sofrer”, as promessas de casas, mansões, carros, dinheiro, de uma vida sem problemas, enfim, este é o evangelho que se prega às multidões! Esta propaganda falsa atrai muitas pessoas que se acostumam com a utopia de uma existência terrena desprovida de experiências de sofrimento, necessidade, fraqueza e aflição. São adeptos de um novo tipo de vida cristã. São os "super crentes". Gente idiota que é ensinada a decretar "bênçãos" do seu interesse; a rejeitar situações difíceis como sendo obra do diabo, e assim por diante. Esse pseudo-cristianismo imbecil é proclamado em cada esquina nos "fiteiros gospel" que são inaugurados aos montes como fruto de divisões de igrejas sérias por parte de líderes gananciosos e carnais.

Ora, que evangelho é esse, afinal? Onde está a cruz, o arrependimento, a renúncia, a mudança de atitude interior e não de classe social? É preciso entender que a fé não nos confere imunidade ao sofrimento. Não existe evangelho sem cruz! Jesus disse: “Neste mundo vocês terão aflições...”. O apóstolo Paulo é um exemplo claro de que a caminhada cristã exige renúncias e envolve sofrimentos e provações. O grande benefício disso tudo é que essas situações geram em nós maturidade e crescimento espiritual. O mais importante de tudo é como nos comportamos diante das provações e a quem nos apegamos nessas situações da vida. O apóstolo Paulo, antes mesmo de olhar para as dificuldades pelas quais atravessou, fixou seus olhos em Cristo, pois com Ele podia suportar todas as coisas.
A felicidade, a vitória e a prosperidade também fazem parte da vida que Deus planejou para nós, afinal nós já somos mais que vencedores em Cristo e temos certeza de que não há situação difícil que não esteja sujeita à vontade soberana de Deus. A questão aqui discutida se consubstancia em determinarmos quais são os nossos valores. Queremos experimentar a verdadeira vida cristã ou praticaremos um evangelho utilitarista de Deus?


O que precisamos entender é que, se servimos a Deus, não importa o que aconteça, podemos suportar e enfrentar alegremente e com gratidão toda e qualquer situação, porque nosso Deus nos fortalece e cuida de nós. Acima do que Deus nos pode proporcionar, mesmo que seja dor, o mais importante é estar nEle, pois é Ele que nos fortalece. Nele deve estar nosso contentamento! 

Deus é a nossa força em meio aos desertos e dentro das cavernas da vida, porque “ele age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam”. Jesus recomendou que em meio às aflições nós tivéssemos ânimo, porque Ele venceu o mundo. Já o apóstolo Paulo escrevendo aos coríntios declarou: “... regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte”.

É de fundamental importância percebermos que mesmo nas lutas e dificuldades, nós temos um Deus presente e que por cima está. Deus é por nós! Com Ele somos capazes de enfrentar toda e qualquer circunstância difícil inerente à vida humana. Tudo podemos suportar com contentamento quando temos a certeza de que estamos nEle, pois Ele é a nossa força e nosso auxílio. É Ele quem nos fortalece!

Com carinho,

André G. Bronzeado.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Salvos pela graça, por meio da fé


Desde que nascemos já trazemos conosco a “semente do pecado” que um dia, de alguma maneira, germinará, brotará e se manifestará na forma de atitudes pecaminosas. O pecado atingiu a toda humanidade destruindo a comunhão entre Deus e o homem. O único caminho que nos conduz a uma vida de comunhão com Deus é Jesus Cristo, que garantiu a nossa reconciliação com o Pai Celestial.

Através de Adão o pecado propagou-se a toda humanidade atingindo o homem em sua totalidade. A Bíblia ensina que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rom. 3:23). Adão e Eva, instigados pelo diabo, desobedeceram à ordem de Deus ao comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, que Deus os proibira de comer. Diante dessa desobediência, o pecado entrou no mundo, constituindo verdadeira epidemia espiritual na humanidade, transferida a todos os homens. É o que diz o apóstolo Paulo escrevendo aos romanos ao afirmar: “Portanto, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso todos pecaram” (Rom. 5:12).
Deus, porém, provando o Seu grande, infinito e inigualável amor para conosco, sacrificou o Seu próprio Filho, Jesus Cristo, a fim de nos salvar, reconciliando-nos consigo. Jesus nunca pecou, mas levou sobre si os pecados de toda a humanidade, os nossos pecados. O sacrifício de Jesus na cruz do calvário nos livrou da culpa, do castigo e da condenação eterna. A Bíblia diz que “... Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Enfatiza, ainda, o apóstolo Paulo: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rom. 5:8).


É pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo e no Seu Evangelho que somos salvos. Nossa salvação não se baseia em méritos nossos nem na prática de boas obras ou caridade. Salvação não se compra; não se conquista como um troféu ou uma medalha e não é resultado de um empreendimento ou de esforços humanos. A salvação provém de Deus e pertence a Ele. É Deus quem nos salva através de Sua graça irresistível; Ele é Deus conquistador! As Sagradas Escrituras nos informam: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef. 2:8,9). Diante de Deus somos justificados pela fé em Cristo, e esta é um dom de Deus.

Ao analisarmos a história do malfeitor que foi crucificado ao lado do Senhor Jesus Cristo, deparamo-nos com a verdade bíblica aqui exposta na prática, a saber, que somos salvos pela graça, por meio da fé. A fé que como dom Deus concedeu àquele malfeitor fez a diferença e repercutiu diretamente na sua vida na eternidade, senão vejamos: 

“E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. (...) E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares em teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estará comigo no Paraíso”. (Lucas 23:33,39-43).

Como visto, um dos malfeitores blasfemava e zombava de Jesus; esse rejeitou a Jesus. O outro malfeitor, por sua vez, manifestou sua fé em Jesus Cristo ao dizer: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino”. Anote-se que este homem era um malfeitor, isto é, era alguém que vivia a praticar o mal. Quais eram, então, as boas obras ou os méritos daquele homem que pudessem lhe conferir meritoriamente a vida eterna? Jesus por acaso ordenou que aquele malfeitor descesse da cruz para praticar boas obras ou obedecer a sacramentos? Definitivamente não!

Aquele homem depositou a sua fé em Jesus Cristo e teve os seus pecados perdoados. Se dependesse dos seus méritos pessoais ou de fazer alguma coisa em prol de sua salvação certamente aquele homem estaria no inferno, já que o mesmo vivia a praticar o mal. Porém não foi isto o que aconteceu; Jesus lhe disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”.

Quando realmente cremos em Jesus Cristo de todo coração e obedecemos a Palavra de Deus, automaticamente flui em nós um profundo sentimento de amor ao próximo, o que nos leva a praticar boas obras, a termos um bom procedimento e a glorificarmos a Deus. Essas coisas todo cristão deve fazer, pois elas fazem parte da maneira de viver do crente. Não é através de obras, porém, que alcançamos a salvação. As boas obras estão intrinsecamente ligadas à fé, afinal, elas fluem quando temos uma fé viva no Deus vivo e são veredas que diantemão Deus preparou para que os eleitos andasse nelas! Sola Gratia, Sola fide.

Com carinho,

André G. Bronzeado.