quarta-feira, 4 de maio de 2011

Eu, um missionário.


“Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo” 

-- João 17:18


Fazer missões é uma das questões mais debatidas e ao mesmo tempo menos realizadas na Igreja em nosso tempo. Tal fato se deve em grande medida pela falta de uma correta compreensão teológica e prática sobre a nossa missão como Igreja de Cristo. Missões é um assunto que precisa ser entendido como responsabilidade de toda a Igreja e não de indivíduos isolados.

Erroneamente, a imensa maioria dos crentes acha que missionário é apenas aquele indivíduo chamado por Deus para evangelizar na África, Índia, etc. Aqueles que têm um “dom especial” de abrir mão de uma vida normal, conforto, bens e familiares para sofrerem pela causa do Evangelho em realidades transculturais. Ao passo que pensam dessa maneira, afastam-se da essência da Igreja no que tange à sua missão e enveredam por um total descompromisso com a obra de Deus. Há quem afirme absurdamente: “Ah! Eu não tenho esse dom, então isso fica para os missionários”.

Ocorre que, fazer missões não se resume a enviar pessoas à África! Todo crente foi feito uma testemunha do Senhor e da causa do Evangelho onde quer que esteja (At. 1:8). Deus nos enviou ao mundo! Se Deus nos enviar para a África, lá será nosso campo missionário; se Deus nos enviar para a Índia, ali será o nosso campo missionário; se Deus nos mantém em nossa terra, aqui é o nosso campo missionário!  Afinal, a Igreja é agência missionária e deve ser vista como o povo de Deus ativo no mundo e com a missão de evangelização dos povos. 

O Dr. Sérgio Lyra, escritor do livro Cidades para a Glória de Deus define missões da seguinte forma: Missões é o povo de Deus intencionalmente cruzando barreiras da igreja para a não igreja, da fé para a não fé, proclamando pela Palavra e atos a vinda do Reino de Cristo. Esta tarefa é atingida através da participação da Igreja na missão de Deus de reconciliar as pessoas com Ele, reunindo-as na Igreja através do arrependimento e fé em Cristo, através do trabalho do Espírito Santo[1].

Fazer missões é andar em consonância com a Missio Dei. Sendo assim, cumpre-nos destacar o fato de que precisamos assumir a nossa identidade e a nossa responsabilidade, afinal todo crente é um missionário, uma vez que recebeu de Deus a missão de glorificá-lo e de proclamar o Evangelho a toda a criatura, plantando a semente divina.



André G. Bronzeado.



[1] http://www.cemu.com.br/novoportal/portal.php?pg=estudos&id=29 – Acesso em 04/05/2011 às 15:00h.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

VIVENDO EM UNIDADE



Não resta dúvida que a proposta de viver em unidade é um grande desafio para as pessoas. Ora, unidade é a qualidade ou estado de ser um, é algo que não pode ser dividido. Olhando para os seres humanos totalmente distintos entre si e imaginá-los vivendo em unidade contraria totalmente a nossa lógica mergulhada nos interesses egoístas, nos valores distintos e nos múltiplos conflitos que comumente fazem parte da vida em sociedade. Enfim, o fato é que toda comunhão humana está sempre ameaçada.
O Direito, como ciência humana, presta grande serviço à vida em sociedade ao passo que busca dirimir os conflitos humanos objetivando aplicar a Justiça que, em síntese, é dar a cada um o que é devidamente seu. Como se vê, as Ciências Jurídicas têm os olhos voltados para os conflitos humanos, ratificando que a vida em grupo ou em sociedade é refém dos encontros de interesses que quase sempre são diferentes, aumentando a distância entre as pessoas.
Viver nesse clima de separação, de oposição à convergência de interesses, não é novidade ou coisa da pós-modernidade. É lógico que vivemos em uma sociedade cada vez mais egoísta, onde as pessoas só olham para seus próprios interesses. As crises internacionais são um exemplo claro do quanto a humanidade é dividida. Porém, todo este fenômeno egocêntrico e separatista teve seu início no Éden. A sociedade da época era formada por Adão e Eva, nossos representantes federais. É interessante que após a queda o clima de unidade entre nossos primeiros pais foi quebrado ao passo que o homem disse: “A mulher que tu me deste deu-me da árvore, e eu comi”. Adão parece viver uma crise no seu relacionamento com Eva; nesse instante ele não se lembra da declaração poética “... osso dos meus ossos, carne da minha carne”. Agora ele a olha com negativismo e como se não fosse uma só carne consigo.
Pois bem. Em contrapartida a esta realidade, Deus nos apresenta a vida em unidade como algo agradável aos Seus olhos. O que dizer da excelência da união fraternal como é apresentada no Salmo 133? “Como é bom e agradável os irmãos viverem em união” – diz o salmista Davi. Quantas expressões “uns aos outros” encontramos da Bíblia? São inúmeras expressões como esta que denotam a beleza da comunhão e da unidade entre irmãos. Não bastasse tudo isso, ao repousar nossa atenção na Oração Sacerdotal de Jesus no capítulo dezessete do Evangelho Segundo João, encontramos nosso Senhor orando para que os que criam nele e os que viriam a crer no futuro fossem unificados, ou seja, vivessem em unidade.
Ora, assim orou o Senhor Jesus: “E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que virão a crer em mim pela palavra deles, para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” – (João 17:20,21). Veja que Jesus ora pela unidade dos seus discípulos, bem como para que um dia sejam reunidos a Ele.
Em sua Oração Intercessória, Jesus inclui todos os cristãos, até mesmo aqueles que iriam receber a fé no futuro. Isto demonstra também que Jesus estava levando em conta o grande fenômeno que aconteceria a partir do momento em que os discípulos começariam a pregar o Evangelho, ou seja, eles iriam ser instrumentos para a implantação da fé nas pessoas.
Jesus também ora para que seus discípulos sejam um fazendo um profundo paralelo com a Trindade, ou seja, Jesus chega a usar como paradigma para a unidade de seus discípulos a unidade que possui a Santíssima Trindade. É importante que se diga que ao fazer isso Jesus reconhece que, como seres humanos, temos muita dificuldade de vivermos relacionamentos verdadeiros uns com os outros. É fato que toda comunhão humana está sempre ameaçada.
Aqui é que encontramos o grande desafio: não devemos anular nossas particularidades; somos diferentes, fomos feitos assim pelo próprio Deus. Somos diferentes em maturidade, em percepção, em conhecimento, em personalidade, etc. É exatamente nessa diversidade que o amor atua. O desafio está em viver a unidade na diversidade!
Anote-se que viver em unidade não é apenas benéfico aos discípulos, mas também possui um significado importantíssimo para o serviço a Deus, ao passo que nossa unidade se torna um testemunho eficaz aos outros. Percebamos que Jesus declara: Para que o mundo creia que tu me enviaste”. Ou seja, a unidade da Igreja do Senhor é um fator imprescindível para um testemunho eficaz diante de todos os homens.
A Igreja do Senhor, embora formada por pessoas diversas, deve ser um corpo bem articulado vivendo em total unidade. Mesmo sendo diversos, precisamos ser um, precisamos ter o mesmo propósito, precisamos observar a grandeza do que nos une e colocar de lado tudo aquilo que nos separa. Para quê separar, se podemos nos unir? Por que dar tanto valor ao que nos separa se podemos focar nossas atenções naquilo que nos une? Fomos resgatados das trevas pelo Senhor, reunidos na Igreja que é o Corpo de Cristo para vivermos – unidos – para a Sua Glória.