terça-feira, 2 de julho de 2013

CULTO x JOGO - A celebração do futebol

“O fariseu orava consigo desta maneira: ‘Ó Deus graças te dou porque não sou como os demais homens’” (Lucas 18:11)

Nosso país está em ebulição. Manifestações por toda parte e pelos mais diversos motivos marcaram todo o mês de junho. A Copa das Confederações teve o Brasil como palco e o espetáculo do futebol aconteceu nas tão questionadas arenas de superfaturadas construções. E a grande final da competição ocorre no novíssimo Maracanã, em pleno domingo, às 19 horas, coincidentemente o momento em que, em dias normais, a maioria dos cristãos protestantes estaria em suas igrejas a cultuar a Deus no culto vespertino dominical.

Pronto, diante dessa coincidência de horário, logo surgiram inúmeras publicações e frases nas redes sociais apresentando inúmeras críticas e até mesmo questionamentos sobre a autenticidade da vida cristã de pessoas e igrejas que iriam participar ou realizar o culto em horário diferente do normal. A maioria dessas publicações foi marcada pela ironia, pela acidez de palavras duras e pela presunção de uma espiritualidade superior.

Diante desses desabafos, muito deles até legítimos diante do direito à opinião, senti-me impulsionado a refletir sobre a máxima do Apóstolo Paulo que diz: "Se não tiver amor, nada seria".

O desabafo de quem considerou um erro a mudança de horário do culto de algumas igrejas é legítimo e de fato tal opinião deve ser respeitada. O fato é que, mudar ou não mudar o horário do culto deve ser visto de acordo com a conveniência e maturidade da comunidade, afinal nossas igrejas fazem isso naturalmente em várias ocasiões do ano pelos mais diversos motivos, muitos deles de uma irrelevância incrível!

O que falta em muitos discursos divergentes à alteração do horário de culto é amor e respeito. Exortação sem amor não promove crescimento, não tem efeito algum. Santidade com soberba é farisaísmo total, é sepulcro caiado.

Realmente, é indiferente para mim ver a seleção brasileira de futebol jogar. Não sou – e quem me conhece sabe – fã de futebol. O que não tenho direito é de medir a espiritualidade de alguém pelo fato desse alguém de ter ido ao culto no domingo ou não, ou no caso de ser uma igreja, pelo fato de ter mudado o horário de culto ou não.

O culto não é um fim em si mesmo. O culto solene é um ajuntamento de pessoas em horário pré-determinado e que só tem real efeito e sentido quando nossa vida é um culto. No último domingo, teve gente indo ao culto "arrotando" espiritualidade (ou aparência dela) apenas para dizer que ir a igreja é mais importante que ver o jogo. Ora, para um crente sincero isso é óbvio. Para o fariseu isso é um fim em si mesmo. Motivação errada!

Se uma igreja manteve o seu horário de culto normal, ótimo, glória a Deus! Mas isso não dá o direito de dizer que a igreja que mudou o horário é menos "crente" ou menos “digna” do que outra. Estaremos nós repetindo o propósito de orar do fariseu em Lucas 18 citado acima? Afinal, sejamos sinceros - já que é para sermos - será mesmo que todos esses "verdadeiros crentes" com seus dedões apontados nunca deixaram de ir ao culto pra ir a uma festinha de aniversário? Será que nunca ficaram em casa por estarem "cansados"? Ou por estarem com visita? E para "estudar", então? 

Ora, quando não há culto na vida, não há vida no culto. Quantas vezes deixamos de lado a Santa Palavra de Deus para darmos audiência a novelas, para irmos ao cinema, para passarmos o dia no Facebook, para corrermos atrás de paqueras, etc... Quantas pessoas, mesmo estando no culto nesse domingo, não usaram seus 
smartphones para conferir o placar do jogo durante o culto?

Não apenas na final da Copa das Confederações, mas sim na vida, somos o tempo todo colocados diante do dilema que muitos apontaram nesse final de semana: "culto ou jogo?". Esse dilema existe não é porque somos crentes ou não, é porque somos HUMANOS. Fariseus não são humanos! Fariseus nem sequer pecam! Fariseus não se sentem impuros ou pecadores carecedores da misericórdia do Eterno!

Talvez devêssemos mesmo transformar nossas igrejas em monastérios nos isolando do mundo em que estamos, cortando totalmente a comunicação com os nossos semelhantes e com o mundo em que vivemos e onde devemos ser influência de transformação. Talvez devêssemos mais ainda nos esquecer do que disse Jesus Cristo quanto ao fato que embora não sejamos do mundo, estamos nele.

O “mundo” apresentado negativamente nas Escrituras não é o mundo físico em si, mas sim o sistema de valores que aqui impera por conta do pecado.

A mudança de horários dos cultos do último domingo em igrejas sérias - como a minha - não foi uma decisão movida em função do jogo, mas sim em função do Culto. É exatamente pelo fato que nada poderia atrapalhar o culto e para preservá-lo que a mudança ocorreu. Com o culto mais cedo não disputamos a atenção com fogos, não enfrentamos trânsito caótico, a insegurança de arruaceiros, motoristas embriagados, etc... e porque não dizer a nossa própria mente!?. Foi por esse motivo que essas igrejas se reservaram mais cedo.

Domingo, participei de um culto abençoadíssimo na minha comunidade. Ouvi a Palavra de Deus que de forma contundente tocou meu coração e renovou minha fé. O culto... não foi apressado, pois a presença de Deus é insubstituível, indispensável e inabalável em todos os momentos da nossa história, estando dentro de um culto ou não, mesmo que lembremos disso ou não.

Fui para casa, o jogo já estava na metade do segundo tempo e ao lado de irmãos em Cristo - em comunhão - alegramo-nos com o Brasil. Sinceramente, não me senti menos crente por isso. Que Deus nos abençoe.

Com carinho,

André Bronzeado.

5 comentários:

Roberto Ribeiro disse...

Louvo a Deus por pessoas como você, que imparcialmente nos mostram com clareza a simplicidade do evangelho. Deus continue te dando sabedoria e inteligência sempre mais no pensar, no falar e no escrever.

ESCOLA DE PREGADORES disse...

André, graça e paz!

O preocupante no ocorrido desse fim de semana é a banalidade com que alguns trataram o culto. Foi estarrecedor ouvir algumas alegações. Alegações que me levam a questionar o entendimento que certas pessoas possuem do culto, e quem sabe, até do próprio Deus.

Infelizmente (ou felizmente) o horário da partida não foi muito conveniente. Mas serviu para expor a opinião de quem trata o culto como um momento sem tanta importância.

Penso que independente da hora ou circunstância, o culto deve ser um momento sublime.

Quanto aos fariseus, o espírito deles continua vivo. Estão muito preocupados com a forma (a hora) e esquecem da essência (reverência ao Santo Deus).

Abraço,

Leonardo Félix
http://criticasagrada.blogspot.com.br/

André Bronzeado disse...

Bebetão! Muito obrigado por ler, compartilhar e comentar no meu Blog! Deus te abençoe meu irmão! E ao querido Pr. Leonardo, igualmente agradeço pelo comentário. É um prazer e uma honra fazer parte do círculo de blogueiros cristãos com pessoas de mentes lúcidas e bíblicas como o senhor.
Paz!

Anônimo disse...

Ah, confesso que fiquei instigada a ler mais sobre os faristeus! O texto e maravilhoso, remete a diversas reflexoes e o mais importante, educa. Abraço! (Una Lopes)

Unknown disse...

FUTEBOL OU CULTO (Base: Confissão de Westminster) - O DIA DO SENHOR
A redenção precede a santidade. Antes de dar a lei moral para o seu povo, Deus falou-lhe de seu resgate da escravidão (Ex 20.1,2). Porque somos o povo da aliança, devemos observar os preceitos do pacto. Deus nos deu um dia da semana para cessarmos nossas atividades comuns, a fim de cultivarmos um relacionamento profundo com ele. A observância do dia do Senhor é uma expressão do amor de Deus por nós e uma oportunidade para estreitarmos nossa comunhão com ele e nos deleitarmos nele. Devemos nos alegrar em Deus mais do que nas bênçãos de Deus. Deus é melhor do que suas dádivas.
O sábado judaico foi substituído pelo domingo, o dia do Senhor. O sábado marca o fim da obra da criação e o domingo o fim da obra da redenção. Deus designou um dia inteiro em cada sete (Is 56.2-7), que era o sábado desde o princípio do mundo até a ressurreição de Cristo (Gn 2.3) e o domingo desde então, e há de assim continuar até o fim do mundo (At 20.7; 1Co 16.2). Cristo consumou a obra da redenção na cruz e ressuscitou no domingo (Mt 28.1-6). Ele apareceu aos seus discípulos no domingo (Jo 20.19-29). Num domingo, o Espírito Santo foi derramado (At 2.1-4). Num domingo, a igreja cristã se reunia para ofertar e adorar (1Co 16.2) e celebrar a ceia (At 20.7). Num domingo Jesus apareceu a João na Ilha de Patmos para trazer-lhe a revelação apocalíptica (Ap 1.10). Desde então, a igreja cristã, ao longo dos séculos tem separado o primeiro dia da semana, o dia do Senhor, para dedicar-se e consagrar-se a Deus e à sua obra.
Os apóstolos, os nossos primeiros pais, os reformadores, os puritanos e aqueles que nos legaram o evangelho tiveram um santo zelo na observância do dia do Senhor. Entretanto, a secularização que invadiu a nossa cultura tem influenciado de tal forma a igreja, que os cristãos contemporâneos estão desprezando essa observância. Poucos são os crentes que se preparam espiritualmente para virem à Casa de Deus no domingo. Muitas vezes, enchemos de tal maneira a nossa agenda no sábado à noite, que no domingo ausentamo-nos da igreja, ou chegamos atrasados ou até mesmo comparecemos, mas com uma séria indisposição físico-mental para estudar as Escrituras. Há aqueles que substituem o culto do dia do Senhor por quaisquer outros compromissos, dando clara evidência de que relegam a um plano secundário a observância desse preceito bíblico. Na verdade, temos pecado contra Deus neste aspecto. Precisamos nos arrepender e voltarmo-nos ao ensino das Escrituras. Precisamos preparar os nossos corações e de antemão ordenar os nossos negócios ordinários (Ex 16.22-30; Ne 13.15-22; Lc 23.56), a fim de descansarmos de nossos labores seculares (Ex 20.8-11; Jr 17.21,22) e recreações (Is 58.13,14) para nos ocuparmos em exercícios públicos e particulares de culto e também nos deveres de necessidade e misericórdia (Lc 4.16; Lv 23.3; At 20.7).
O desprezo do dia do Senhor traz consequências graves para a família e para a igreja. As diversões, a televisão, os esportes, ou mesmo a ociosidade no dia do Senhor estão levando os crentes à indolência espiritual. Estamos sendo engolidos pelo secularismo que despreza a Deus e sua santa Palavra. Precisamos nos voltar para o Senhor, lembrarmo-nos do dia do Senhor com santo deleite e profusa alegria. Na geração do descompromisso, do relativismo moral, da apatia espiritual, do misticismo heterodoxo, é preciso que a igreja se arrependa, se humilhe e se levante no poder do Espírito para viver de modo digno de Deus. É tempo de resgatarmos a observância fiel e zelosa do dia do Senhor!
Rev. Hernandes Dias Lopes